
Entre os dias 24 e 26 de janeiro foi realizado o II Seminário de Educação da Executiva Nacional na aldeia Tey’ i Kue, localizada no município de Caarapó-MS. Tal encontro se provou importantíssimo para a elevação do compromisso de todos os presentes com a luta classista e combativa, para o avanço da capacidade de organização da entidade e para a unidade do movimento estudantil de pedagogia, tanto nacionalmente, quanto em sua vinculação com a luta indígena. O evento contou com 38 estudantes de dez estados diferentes e todas as cinco regiões do Brasil.
O seminário teve início na sexta-feira pela noite com uma mesa de saudação, que incluía lideranças indígenas locais e de outras aldeias. Todos saudaram a ExNEPe por realizar seu Seminário na aldeia e relataram um pouco sobre como tem se dado sua luta. Os estudantes também saudaram efusivamente a luta do povo Guarani-Kaiowá e todos se comprometeram a defender mais audazmente o direito destes sobre a terra, como parte indissociável da luta por uma educação que sirva ao povo. Dando seguimento, foi realizada uma mesa de exposição da situação politica nacional, onde um companheiro representando o Jornal A Nova Democracia expôs acerca da profunda crise que abala o Estado brasileiro e as tarefas que historicamente cabem a juventude na luta pela defesa dos direitos do povo e por uma sociedade mais justa.

No sábado pela manhã os trabalhos tiveram início com uma visita à área do massacre de Caarapó. Em setembro de 2019, após visita do fascista Bolsonaro à Dourados-MS, os latifundiários locais, vendo-se autorizados pelas falas do presidente empreenderam um ataque criminoso aos indígenas que residem na aldeia Tey’ i Kue. As forças de repressão do velho Estado, associadas à pistolagem atacaram com armas de fogo os índios desarmados, baleando oito, inclusive uma criança de 12 anos, e matando o agente de saúde Clodiodi de Souza.
O cacique da aldeia Tey’ i Kue, que foi baleado no confronto, carrega até hoje a bala próxima a seu coração e, em desafio ao latifúndio, reside na área do massacre com sua família afirmando que: “Aqui derramei meu sangue, daqui não saio enquanto não conquistarmos a nossa terra”. A liderança indígena explicou a série de conflitos na região e em seguida levou os estudantes até o seu roçado. Todos ajudaram no plantio do milho e na colheita do feijão.

De volta à plenária ocorreu um espaço onde uma companheira formada em pedagogia expôs sobre o histórico de luta da ExNEPe e seu papel na defesa da educação brasileira. Em seguida uma professora de Goiás expôs acerca do marxismo como teoria do conhecimento, explicitando o movimento dialético que faz o homem ao ir da sua prática social concreta para a teoria, sintetizando o saber acumulado, e posteriormente retornando à sua prática para novamente alterar o mundo ao seu redor, em um movimento espiral no qual se forma tudo aquilo que concebemos. Ambos os espaços foram importantíssimos para a elevação do caráter científico do Seminário e contribuíram para esclarecer os presentes da vasta experiência que já acumulou a Executiva Nacional, bem como sua escolha pela defesa do marxismo enquanto patamar mais elevado da ciência.
O dia teve fim com um cinedebate com alguns filmes curtos que tratam da luta indígena no Mato Grosso do Sul, bem como filmagens do massacre de Caarapó. Durante o debate vários estudantes se posicionaram demarcando claramente a linha que separa aqueles que lutam ao lado da democracia em nosso país: operários, camponeses, indígenas, estudantes, daqueles que lutam ao lado das classes dominantes.
No domingo pela manhã todas as delegações se reuniram para balancear sua atuação desde o último ENEPe e em seguida levaram para a plenária suas conclusões. Se ressaltou o aspecto positivo das intervenções da ExNEPe em todo o país, desde a difusão de suas palavras de ordem nos protestos estudantis de maio à agosto, na contraposição ao projeto FUTURE-SE nas universidades, na organização de centros acadêmicos, de DCE’s de luta e na preparação para os próximos 40o Encontro Nacional em Curitiba-PR e 24o Fórum Nacional em Dourados-MS. Ademais, também houve um importante movimento de autocrítica por parte de todas as delegações pelas dificuldades e insuficiências no cumprimento do plano de lutas da entidade até agora. Todos se comprometeram a elevar seus esforços e cumprir em alto nível com o plano.
Ao fim realizou-se uma plenária de encaminhamentos, sendo os principais a reorganização da ExNEPe, que agora passa a constar com uma estrutura de secretários: executivo, propaganda e tesoureiro, além do presidente da entidade eleito no encontro nacional, e a definição de como se dará a produção e venda das carteirinhas da ExNEPe.

O II Seminário contribuiu para a elevação da luta estudantil de pedagogia, possibilitando o contato entre diferentes regiões do país, o balanceamento e definição de objetivos comuns para o ano de 2020 e a preparação para os embates que se avizinham, de maneira particular engrandeceu enormemente a ligação da entidade com a luta indígena do MS e consolidou mais uma vez o compromisso da ExNEPe com a luta popular combativa.
A ExNEPe saúda a todos os presentes, em especial os guerreiros Guarani-Kaiowá que resistem bravamente em seu território, e convoca todos e todas a comparecerem ao 24º Fórum Nacional que ocorrerá em Dourados-MS e o 40º Encontro Nacional em Curitiba-PR.
VIVA A LUTA DOS POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS!
POR UMA UNIVERSIDADE QUE SIRVA AO POVO!
VIVA O II SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO!
VIVA O 24º FoNEPe EM DOURADOS!
VIVA O 40º ENEPe EM CURITIBA!