[PA] Nota de CA de Pedagogia/IFPA: Abaixo a implementação do EaD e por que devemos boicotá-lo!

Abaixo a Implementação do Ensino Remoto/EaD e por que devemos boicotá-lo!

O Centro Acadêmico de Pedagogia (CAPe) vem a público manifestar seu posicionamento contra a implementação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) pelo Instituto Federal do Pará (IFPA) como forma de “minimizar os danos” e o atraso do início do semestre de 2020 causados pela pandemia do COVID-19 nas universidade públicas e institutos federais.

No dia 17 de Março deste ano, o MEC lançou a portaria n° 343 autorizando em caráter excepcional o Ensino a Distância (EaD) e uso de ferramentas tecnológicas em substituição às aulas presenciais. A portaria de n° 544 estendeu esse prazo até o dia 31 de Dezembro de 2020. O que no início da pandemia parecia ser inviável para as universidade e institutos federais inclusive em seus posicionamentos, atualmente tornou-se viável que sob pressão e chantagens do MEC (de corte de repasse de verbas como o FUNDEB) passaram a aceitar a modalidade como pretexto de “não ficarmos parados”, como se iniciar o ano letivo em Setembro fosse a solução!

Em seu último ofício n° 066/2020 a Direção de Ensino (DEN) colocou que o Campus Belém não teria condições de atender a demanda de mais de 4500 alunos, assim como haveria duplicidade do calendário e sobrecarga dos professores, por isso colocou como proposta ofertar o ERE apenas as turmas concluintes do Ensino Médio Integrado/Subsequente e para as concluintes em fase de TCC na graduação, a ser avaliada pela Comissão de Plano de Retorno.

De fato, muitos alunos que estão em período de TCC querem finalizar seus cursos, mas em sua maioria ficarão prejudicados, pois nem a Biblioteca do Campus está em funcionamento!

O que é o Ensino Remoto, o que ele representa

O ensino remoto emergencial (leia-se EaD) é a estratégia de Bolsonaro/MEC hoje sob comando de Milton Ribeiro de privatização e desmonte do Ensino Público e Gratuito. Quando se coloca que precisamos aderir a modalidade em virtude da situação atípica da pandemia em busca de soluções “democráticas” de inclusão dos alunos como auxílio digital e cadastro para ganhar computadores e tablets estamos reduzindo a questão apenas a aspectos tecnológicos, como se viabilizá-los fosse a solução para adesão ao ERE.

O que precisamos levar em conta é que para além de questões de aspecto técnico, esse é o carro chefe de ataque à educação nesse período, ou seja, aproveitar-se da pandemia para “passar a boiada” nas universidades, aumentando seu sucateamento e preparando o terreno para privatização, de forma alguma podemos negligenciar seu aspecto político! Sendo seu aspecto principal, o ataque às universidades públicas e institutos federais possuem uma finalidade: PRIVATIZAÇÃO!

Nos últimos meses os comércios, bares, shoppings e outros estabelecimentos foram abertos, mas as universidades continuaram fechadas, não devido a preocupação do governo federal em zelar pela saúde da comunidade acadêmica, mas sim para fortalecer a ideia da educação remota emergencial, com pouco tempo de preparo e debates para garantir a qualidade do ensino.

O ensino remoto é uma experiência que não tem medo dos resultados, vem com uma estratégia de implementar o EaD nas universidades de forma maciça, isso pode ser visto pela parceria com os monopólios privados da educação que dominam essa modalidade de ensino, podemos observar pelo crescimento de matrículas em cursos em EaD que em 2019 já superaram as do ensino presencial (3.177 EaD e 2.018 presenciais). Com o crescimento do número de matrículas no EaD quem lucra são os monopólios privados da educação a exemplo do grupo Kroton que detém cerca de 90% dessas matrículas. Além dos monopólios da educação privada, quem ganha são as empresas de tecnologias, telefonia e internet só com as parcerias público-privadas sendo feitas com as universidades em troca de “facilitar” o acesso ao ERE. O único objetivo desses monopólios é LUCRAR e com isso aprofundam o sucateamento e a privatização das universidades públicas e precarizam nosso ensino!

Por que o ERE é inviável para os estudantes?

Além do aspecto político, a questão socioeconômica é fundamental para compreendermos por que já nesse aspecto se mostra extremamente débil a implantação dessa modalidade. Muitos estudantes sequer conseguiram preencher o questionário sobre a Retomada das Atividades de Ensino passado pela Direção de Ensino (DEN) do campus Belém, seja por falta de internet ou celular, muitos sequer ficam sabendo desse tipo de pesquisa.

Do ponto de vista educacional ter acesso a computadores e a internet (sem falar da qualidade) não é garantia de um bom ensino-aprendizagem e como estudantes de Pedagogia estudamos a importância disso exaustivamente. Isso afeta principalmente os alunos mais pobres, que em sua maioria precisam também dividir espaço com outros familiares, convivem com constantes barulhos externos. Na situação de pandemia há um acúmulo de tarefas, principalmente de mulheres (que são maioria no curso de Pedagogia) em suas casas, com excessivas cargas de trabalho, e duplas jornadas, como garantir que possam estudar nessas condições? na prática as universidade e institutos que já aderiram ao ERE tem-se mostrado um grande fracasso, o que há é uma grande evasão de alunos, mas principalmente a exclusão desses estudantes.

Esse tipo de formação é do tipo rápida e tecnicista tem como objetivo formar mão de obra barata, reduzindo o papel do professor a mero tutor, além de causar demissões em massa e consequentemente o acúmulo de carga horária desses docentes.

Na prática o ERE provoca o esvaziamento de debates, o não aprofundamento das discussões entre alunos-professores, a própria troca do dia a dia entre a comunidade acadêmica e a completa desvinculação da teoria com a prática. O debate é pressuposto fundamental para uma formação científica, sem ele o que prevalece é apenas uma única linha de pensamento e a não valorização da ciência. Como cientistas da educação e professores não podemos abrir mão disso!

Além disso, esse tipo de modalidade buscar desmobilizar os estudantes (Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos) que de forma organizativa historicamente tem levantado a bandeira em defesa da Universidade Pública, científica, de qualidade e a serviço do povo!

Em defesa do direito de ensinar, estudar e aprender!

Seria um erro dizer que por que somos contra a volta das aulas via ERE somos desocupados ou que estamos aproveitando as “férias”. O que defendemos é que nosso Instituto não seja sucateado e privatizado e que tenhamos uma formação pública, científica e de qualidade.

Temos que pautar a defesa do nosso instituto no tripé de Ensino-Pesquisa-Extensão. Não é por que não concordamos e aceitamos a modalidade remota que a universidade deve parar de funcionar!

Por isso precisamos colocá-la ainda mais a serviço do povo e das famílias mais pobres, principais afetadas nesse contexto de Pandemia. Esse é o papel das universidades públicas e institutos federais: Produzir conhecimento científico e colocar a serviço do povo! Podemos sim viabilizar a pesquisa e a extensão como estudantes! Esse também é dever dos estudantes de Pedagogia debater e discutir como podemos levar esse conhecimento e nossa prática a quem precisa, isso é produzir conhecimento e ciência.

O que queremos?

Alunos Concluintes/TCC

Os alunos concluintes tem o direito de escolha de finalizar ou não seu curso, contudo os que não optarem por fazer de forma alguma podem ficar prejudicados!

  1. Pelo Direito de participar ou não das disciplinas oferecidas sem que sofra prejuízos ao rendimento acadêmico, matrícula ou perda de auxílios para alunos de baixa renda.
  2. Pelo direito de ter uma finalização de curso com qualidade!

Calouros e alunos de outros semestres

  1. Pelo direito de ter acesso a um ensino de qualidade não excludente!
  2. Nossa formação não deve ser precária e servir aos lucros dos monopólios privados da educação e de tecnologia!
  3. Pelo Direito de participar ou não das disciplinas oferecidas sem que sofra prejuízos ao rendimento acadêmico, matrícula ou perda de auxílios para alunos de baixa renda.
  4. Estimular nossa prática para além do ensino, colocar em prática mais pesquisa e extensão!
  5. Pela não perda das bolsas de pesquisa e extensão! A oferta precisa ser debatida e o momento de pandemia que vivemos e as peculiaridades de cada aluno deverão ser levadas em consideração.

Transparência e democracia por parte da gestão para com os alunos.

  1. Maior participação dos acadêmicos de pedagogia nas decisões do Instituto.
  2. Participação do centro acadêmico de pedagogia nas reuniões do colegiado.

ABAIXO O EAD/ERE! PELO CANCELAMENTO DO ANO LETIVO JÁ!

DEFENDER COM UNHAS E DENTES O ENSINO PÚBLICO E GRATUITO!

EM DEFESA DO DIREITO DE ENSINAR, ESTUDAR E APRENDER!

DERRUBAR OS MUROS DAS ESCOLAS E UNIVERSIDADE!

POR UNIVERSIDADES E ESCOLAS QUE SIRVAM AO POVO!

Centro Acadêmico de Pedagogia (CAPe) – IFPA

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