Antecedentes:
A partir do anúncio do corte de 328 milhões nas universidades e institutos federais, foi tirado em reunião no dia 07 desse mês do Conselho de Entidades de Base da UFGD, que reúne os CAs e DCE, um cronograma de mobilizações para desencadear uma grande luta contra os cortes de verbas que ameaçam o funcionamento das instituições de ensino. Na reunião foi aprovado de forma unânime pelos CAs e DCE uma greve de ocupação para o dia 18, com um cronograma de atividades durante todo o dia e um calendário de mobilização até lá. Se contrapondo a dispersão gerada pelo feriado prolongado da próxima semana.
Já no dia seguinte foi realizada uma combativa plenária com dezenas de estudantes que apontaram o caminho da luta combativa e denunciaram a gravidade da situação. Mesmo após o recuo do MEC sobre uma parte dos cortes, a posição de todos os CAs foi de manter as mobilizações, entendendo que os cortes ainda assim continuavam comprometendo o funcionamento das universidades públicas.
Os estudantes de pedagogia realizaram então uma assembleia geral no dia 17. Na assembleia foi aprovada paralisação estudantil para dia 18 de forma que os estudantes pudessem participar da ocupação. Também foram realizadas ao longo dos dias anteriores à ocupação passagem em turmas e confecção de cartazes.
Um dia após o anúncio do corte de verbas, a reitoria da UFGD lança um comunicado oficial denunciando o quanto isso afetaria gravemente o funcionamento da instituição e chamando os estudantes a defenderem a universidade pública. A pedido dos estudantes, também lançou no dia 17 um comunicado a todas as faculdades para que liberassem as aulas, mesmo em semana de provas, de forma a que os estudantes pudessem participar da greve de ocupação do dia 18. O comunicado foi seguido pela orientação de algumas faculdades no mesmo sentido e assembleias estudantis de curso que aprovaram paralisação para o dia.




Greve de ocupação:
A greve de ocupação começou no dia 18 às 7:00 com os estudantes adentrando a reitoria da UFGD e começando uma oficina de cartazes. Cartazes contra os cortes e agitando a luta estudantil combativa foram espalhados pela universidade. Em seguida, começou uma agitação afirmando que os estudantes responderiam a altura com uma onda de greves de ocupações pelo país e não iriam parar até toda a verba ser devolvida. O cronograma da ocupação foi dividido para que cada CA tivesse um momento de agitação, onde pudessem falar, trazendo assim todos os cursos para a luta.
Após o almoço, houve uma roda de conversa sobre permanência estudantil, onde os alunos apontaram vários problemas sobre a política de permanência estudantil da universidade denunciando sua burocracia que a tornava excludente. Além disso, vários problemas como o fechamento da sala de computadores da biblioteca, a falta de café da manhã no RU entre outras demandas foram destacados.
Após a roda de conversa, houve uma discussão sobre a violência contra os povos indígenas. Nesse debate, foi denunciado o avanço de ataques e massacres contra os povos indígenas no MS, em especial o povo Guarani Kaiowá, que sofreu diversos ataques brutais esse ano pelas mãos do Estado e do latifúndio, ceifando a vida de importante lideranças na luta por seu território. Foi apontado como que a universidade não podia viver numa bolha e que deveria não só trazer tal discussão para dentro de seus muros, mas também se posicionar diante dessas atrocidades, de forma que se colocassem a serviço do povo e suas lutas. Também houve falas denunciando o racismo e discutindo as dificuldades de permanências dos estudantes indígenas na universidade. Uma professora apontou também a importância da questão indígenas estar nos currículos dos cursos, como por exemplo os da área de saúde, visto ser o estado com a segunda maior população indígena do país. Ao final, foi colocado o compromisso dos estudantes se lançarem imediatamente em manifestação e luta em defesa dos povos originários caso ocorra um novo ataque aos povos originários no estado.
Ao final da tarde foi decidido adiar o ato programado para esse horário por conta da chuva e passar ele para o sábado, apesar de que nesse dia iria também ocorrer pela cidade uma caravana pró-Lula. Os estudantes unanimemente aprovaram de realizar a manifestação em local e horário diferentes da caravana apontando que as pautas não deveriam se misturar e que a mobilização contra os cortes não deveria ser usada como comício e dentro de estratégia eleitoral, reafirmando a importância da independência da mobilização.
Durante a parte da noite foi o ponto mais forte da ocupação onde ocorreram mais intervenções pelos CAs dos cursos da noite e contando com mais de 100 estudantes. Com grande ânimo e energia, a toda hora surgiam palavras de ordem combativas e agitações impulsionando o clima de combatividade da ocupação. Foi realizada ao final da noite uma assembleia que contou com falas animadas dos estudantes, ressaltando a vitoriosa ocupação e como possibilitou a presença de vários cursos da universidade que se uniram e estão mobilizando suas bases chacoalhando a universidade contra o corte de verbas. Apesar de ter sido decidido em votação a não continuação da ocupação para o dia seguinte, foi ressaltado que a mobilização não iria parar até os cortes serem barrados. Ao final, os estudantes encerraram gravando um vídeo em apoio a greve de ocupação dos estudantes da USP de Ribeirão Preto pela contratação de professores.



Marcha pelas ruas de Dourados:
Na manhã do dia 22 os estudantes da UFGD realizaram uma combativa marcha pelas ruas de Dourados. Estiveram presentes diversos cursos da universidade. Aos gritos de “1,2,3, 4, 5, 1000 ou param os cortes ou paramos o Brasil!”, “Avante juventude, a luta é que muda, o resto só ilude!”, entre outras palavras de ordem os estudantes foram do parques dos ipês até o terminal da cidade denunciando o descaso para com as universidades e chamando a população a se juntar à luta em defesa da universidade pública, gratuita e a serviço do povo. Gritos de rechaço ao governo genocida de Bolsonaro e generais foram realizados, porém sem em nenhum momento o ato ser desvirtuado para fazer campanha para algum candidato ou tergiversar sobre o caráter e objetivo da marcha. Ao longo do caminho foram distribuídos aos transeuntes panfletos do DCE e da ExNEPe sobre os cortes de verbas. A combativa marcha foi encerrada no terminal de ônibus da cidade com uma grande agitação e ao final com a leitura de um poema combativo de uma estudante artista denunciando os cortes de verbas. Os estudantes também reafirmaram que mesmo com o final do semestre, a luta não deve parar e devemos continuar mobilizando até todos os cortes serem barrados.


